Meus Azuis
Um frio, um frio na
espinha.
Uma falta, uma falta
de sentir falta de você.
Um vazio, mas um vazio
necessário.
Lembranças, boas você
deixou.
Dividiu o meu mar.
Você passou por ele em terra seca.
Como um milagre, sim, como um grande milagre você dominou o
meu pequeno oceano.
Mergulhou de cabeça e não lembrou que minhas ondas iam te
tirar o ar.
Sou maior, sou infinito, sou engano.
Te limpo, te refresco, mas
te mato dentro de mim.
Minhas águas azuis apagaram seus passos refrescando seus
pés.
Sua cabana eu levei, fortes ventos trouxeram você mais uma
vez pra mim.
Sou o motivo de suas férias, sou o motivo de sua renovação, motivo de fuga.
Sou a sua realização frustrada no passado.
Mas...
Eu tomei você.
Eu te envolvi.
Como um longo descanso eu estive sempre ali. E ainda era
divertido.
Você ia e vinha, me dava seu corpo, me dava sua alma, eu te
engolia, te tomava, envolvia você.
Você era pequeno, mas sentia tua falta, e mesmo assim você
abusou.
No meu profundo, distante do seu pequeno coração, todo o
tóxico que você trouxe eu guardei.
Impossível me livrar dele. Por isso, neste verão não
sentirei sua falta.
Neste verão continuarei sozinho nos meus azuis.
Neste verão, esqueça que meu azul virá.
Minhas águas esfriaram mais uma vez.